sábado, 26 de janeiro de 2013

O Plano do Mestre - A Seleção

Homens eram o método de Jesus

"Escolheu doze entre eles..." (Lucas 6:13)
               
Tudo começou quando Jesus chamou alguns homens para que o seguissem. Isto revelou de imediato sua estratégia evangelística: sua preocupação não era com programas para atingir multidões, e sim com homens a quem as multidões seguiriam. Jesus começou a reunir estes homens antes que houvesse qualquer campanha evangelística, ou mesmo antes de fazer qualquer sermão público. Desde o início Jesus deixou claro que homens seriam Seu método para conquistar o mundo para Deus.

O objetivo inicial do Senhor era alistar homens que pudessem dar testemunho acerca de Sua vida, dando seguimento ao trabalho que Ele iniciou – a implantação do Reino de Deus. João e André foram os primeiros chamados, que tiveram de abandonar o grande avivamento que estava acontecendo em Betânia, do outro lado do rio Jordão, sob a liderança de João Batista (João 1:35-40). Em seguida André trouxe Simão, seu irmão (João 1:41,42). No dia seguinte Jesus encontrou Filipe, a caminho da Galiléia e imediatamente Filipe anunciou este encontro a Natanel (João 1:43-51). Não houve pressa na seleção, mas sim determinação! Meses mais tarde outros pescadores foram chamados para participar do grupo (Marcos 1:19; Mateus 4:21). Pouco depois Mateus foi convidado a seguir o Mestre, quando o Senhor passava por Cafarnaum (Marcos 2:13,14; Mateus 9:9; Lucas 5:27,28). Todos foram chamados ainda no primeiro ano do ministério do Senhor.

De inicio não foram muitos os convertidos, porém aqueles poucos primeiros convertidos ao Senhor estavam destinados a se tornarem os líderes de Sua igreja, que iria anunciar o evangelho no mundo inteiro. Pensando assim, os poucos se tornaram em muitos!

Homens dispostos a aprender
             
O que mais chama a atenção nestes apóstolos de inicio era que não havia nada neles que impressionasse como se fossem homens de sucesso. Poderíamos mesmo perguntar como é que Jesus poderia vir a usá-los. Eram homens comuns, sem treinamento profissional, sem grandes posses, rudes e sem conhecimento para a sua vocação. Tal como no caso do próprio Mestre, sua educação formal consistia somente das escolas das sinagogas. A maioria havia se criado na região pobre em torno da Galiléia, com exceção de Judas Iscariotes que viera da Judéia. Eram homens impulsivos, temperamentais, que se ofendiam facilmente, com os preconceitos próprios de judeus, iletrados e incultos (Atos 4:13). Enfim, não eram o tipo de grupo que alguém esperaria que conquistasse o mundo para Cristo.

No entanto Jesus viu naqueles homens simples líderes em potencial para o Seu Reino. Apesar de pouco estudo, eram homens que podiam ser ensinados. Embora lentos para compreender as realidades espirituais e com julgamentos frequentemente errados, eram homens honestos, prontos a confessar a sua própria necessidade.

Embora rudes, eram homens de grande coração. O que talvez seja mais significativo a respeito deles era o seu sincero anelo por Deus e pelas realidades da vida de Deus. A superficialidade da vida religiosa ao redor não frustrou as esperanças deles na vinda do Messias (João 1:41,45,49; 6:69). Estavam saturados da hipocrisia da classe social dominante. Alguns deles já tinham se unido ao movimento renovador de João Batista (João 1:35). Aqueles homens estavam esperando por alguém que os guiasse pelo caminho da salvação. Tudo isto mostra que Jesus pode usar quem quer que queira ser usado.

Concentrou-se em alguns poucos

O fato de Jesus se dedicar a poucos é onde reside a sabedoria de Seu método. Ninguém pode transformar o mundo, a menos que os indivíduos que o compõem sejam transformados; e ninguém pode ser transformado senão quando moldado nas mãos do Mestre. Não somente deve-se escolher poucos leigos, mas conservar o grupo pequeno para que se possa trabalhar em suas vidas. Entretanto o número dos discípulos de Jesus começou a aumentar ao longo do Seu ministério. Desta maneira Ele estreitou Suas relações a uns doze discípulos, o qual Ele denominou de apóstolos (Lucas 6:13-17; Marcos 3:13-19). Independente do significado do número doze (existem aqueles que defendem que este número representa a presença de Deus na família humana – a penetração no mundo por parte da divindade – veja que são doze patriarcas, doze fundamentos e doze portas da Jerusalém celestial, etc.), Jesus desejava que estes tivessem privilégios e responsabilidades diferentes dos demais discípulos no trabalho do Seu Reino.

Apesar de Jesus ter escolhido doze apóstolos, isto não excluía a possibilidade de outros segui-lo. Sabemos que muitos outros se tornaram obreiros eficazes na Igreja, tal como Tiago (o irmão de Jesus), Lucas e Marcos (que escreveram os evangelhos) – veja 1 Coríntios 15:7; Gálatas 2:9,12; João 2:12; 7:2-10). Entretanto era fato que estes tiveram menos intimidade com o Senhor. E mesmo no meio dos doze, haviam apenas três que desfrutavam de uma intimidade maior com o Mestre – Pedro, Tiago e João. Somente estes estiveram no Monte da Transfiguração e contemplaram a glória do Senhor (Marcos 9:2; Mateus 17:1; Lucas 9:28), no jardim do Getsêmani no momento de dor e oração do Mestre (Marcos 14:33; Mateus 26:37) e na cena da ressurreição da filha de Jairo (Marcos 5:37; Lucas 8:51). Apesar da escolha destes três, não se tem notícia de que os outros apóstolos tenham murmurado com isto. Jesus tem o direito de escolher quem Ele quer e somente o fato de ser chamado para a obra de Deus já é em si mesmo um motivo de honra. Ninguém deve desanimar somente porque vê o outro sendo mais abençoado! Devemos nos alegrar com a bênção do próximo (Romanos 12:15).

O princípio observado 

Quando há uma uniformidade no grupo e quando este for pequeno e concentrado, maior será a oportunidade de uma instrução eficaz. Jesus dedicou a maior parte da Sua vida àqueles poucos discípulos. Arriscou neles todo o Seu ministério! O mundo poderia estar indiferente com relação a Jesus, mas isto não podia derrotar Sua estratégia. Nem mesmo Jesus ficou preocupado quando alguns de seus seguidores desistiram de Sua lealdade a Ele quando foram confrontados com as verdades do Reino (João 6:66). Porém o Senhor não podia tolerar que os Seus discípulos íntimos perdessem de vista o Seu propósito. Eles tinham que compreender a verdade e de serem santificados por ela (João 17:17), porque de outra forma tudo estaria perdido. Por isso Jesus orou por eles e não pelo mundo (João 17:6,9).

Sem negligenciar as massas 

Apesar da dedicação aos apóstolos, Jesus não ignorou as multidões. Jesus dava atenção a todos e curava suas enfermidades (Mateus 12:15; 14:14), as ensinava, alimentava-as quando famintas, expulsava os seus demônios. Sua dedicação chegou ao ponto de que Ele mesmo e seus discípulos não tinham tempo nem para comer (Marcos 6:31). E este interesse pelo povo ocorre desde o início de Seu ministério, quando Ele procurou se envolver com o movimento popular de avivamento, mediante o batismo de arrependimento liderado por João Batista (Marcos 1:9-11; Mateus 3:13-17; Lucas 3:21-22) e depois elogiou o trabalho deste profeta (Mateus 11:7-15; Lucas 7:24-28). Jesus amava as pessoas, chorava por elas e, finalmente, morreu para salvá-las dos seus pecados. Jesus não negligenciou o evangelismo em massa.

Multidões despertas 

A capacidade de Jesus impressionar as multidões depois se revelou em um problema. Sua compaixão e poder conquistou as multidões ao ponto de desejarem fazê-lo seu rei (João 6:15). Todos desejavam a atenção dEle (João 3:26). Até os próprios fariseus admitiram que o mundo seguia após Jesus (João 12:19), e os principais sacerdotes julgaram que logo a população inteira creria nEle (João 11:47,48). E foi o temor das autoridades, perante as massas que se mostravam simpatizantes de Jesus, que as levou a levantar acusadores e capturá-lo na ausência do povo (Marcos 12:12; Mateus 21:26; Lucas 20:19).

Caso Jesus tivesse dado valor aos sentimentos das pessoas a Seu favor, facilmente poderia ter todos os reinos dos homens aos Seus pés, bastando apenas satisfazer os desejos e curiosidades dos homens por Seus poderes sobrenaturais. E essa foi a tentação proposta por satanás no deserto, quando Jesus foi tentado a transformar as pedras em pães (Mateus 4:1-7; Lucas 4:1-4; 9-13). Esses prodígios espetaculares teriam atraído a atenção das pessoas. E é verdade que a proposta de satanás em lhe dar os reinos do mundo era uma furada, pois Jesus podia conquistar isto sozinho, tão somente se desviando do Seu propósito original.

Mas Jesus não queria oferecer espetáculos. Antes muitas vezes se esquivou das multidões (João 2:23; 3:3; 6:26,27). Chegava ao ponto de dizer aos que recebiam a cura de que não contassem nada a ninguém, a fim de não chamar atenção (ex. Marcos 1:44,45). Em outros momentos, Jesus se retirava com os Seus discípulos para outro lugar, para dar continuação ao Seu ministério (veja João 1:29-43; Marcos 4:35). Esta prática deixava as pessoas confusas, por não entenderem a Sua estratégia. Até mesmo seus irmãos o exortaram a abandonar esta estratégia, mas Ele recusou seguir o conselho deles (João 7:2-9).

Poucos pareciam compreendê-lo

Naturalmente que muitos dentre as multidões criam em Cristo (João 2:23-25; 6:30-60), mas muito poucos pareciam ter compreendido o evangelho. Talvez ao final de seu ministério o total de Seus seguidores chegasse a um pouco mais de 500, aos quais Jesus apareceu após a ressurreição (1 Coríntios 15:6), ao fim que somente 120 permaneceram em Jerusalém para receber a promessa do Espírito Santo (Atos 1:15). Se fôssemos medir em termos de números, o evangelismo de Jesus parece não ter tudo tanto êxito, mas isto não é verdade.

Sua estratégia 

Mas porque Jesus se concentrou sua vida em poucas pessoas? Não veio Ele salvar o mundo? Com o anúncio de João Batista sobre o Messias (que ainda permanecia vivo na memória das multidões), Jesus poderia ter contado com milhares de seguidores, caso desejasse. Então porque Ele não se preocupou em criar um exército poderoso que conquistasse o mundo pela força bruta da quantidade? Não parece um tanto desapontador o fato de que alguém, dotado de todos os poderes do universo às Suas ordens, que viveu e morreu como jamais alguém viveu e morreu para salvar o mundo, contudo, no fim de Sua vida terrena contasse apenas com alguns poucos e assustados discípulos para demonstrar como fruto de Seu trabalho? E conforme Isaías 53:11 diz-se que Ele ficou satisfeito com o resultado de Seu trabalho!

A resposta a isto está no propósito real do Seu plano de evangelismo. Jesus não estava querendo impressionar multidões, mas sim em inaugurar o Seu Reino. Isso significava que Ele precisava de homens que pudessem conduzir as multidões. Que proveito teria para o Mestre se as multidões o seguissem para, em seguida, não contarem com a supervisão nem a instrução sobre o Caminho? Veja o que dizem estes preciosos versículos: Provérbios 11:14; 15:22; 24:6. É fato que as multidões são presa fácil dos deuses falsos, quando abandonadas sem o cuidado apropriado. As multidões eram como ovelhas que vagueavam sem rumo, sem qualquer pastor (Marcos 6:34; Mateus 9:36; 14:14). Essas multidões seguiam qualquer pessoa que prometesse bem-estar, sem se importarem se era um amigo ou inimigo. Dá para perceber isto quando foi a mesma multidão que aclamava “Hosana ao que vem em nome do Senhor” e depois “cruficia-o!”, pois eram manipuladas facilmente pelas autoridades religiosas. Estes líderes, espiritualmente cegos como eram (João 8:44; 9:39-41; 121:40; Mateus 23:1-39), embora em pequeno número, dominavam completamente todas as atividades populares. Por esse motivo se os convertidos ao Senhor Jesus não fossem dirigidos por homens de Deus, competentes para orientá-los e protegê-los da falsidade, em breve seriam vítimas da confusão e desespero por causa da confusão religiosa que existia no local e acabariam por ficarem num estado pior do que no princípio. Antes que o mundo possa ser ajudado, é necessário de homens de fé que conduzam as multidões através das coisas de Deus.

Jesus conhecia a natureza humana (João 2:24,25) e sabia que ela era depravada e débil, alvo fácil das forças satânicas deste mundo e, devido a este conhecimento, Ele baseou Seu evangelismo em um plano que pôde satisfazer a essa necessidade. As multidões estavam dispostas a segui-lo, porém Jesus como homem não poderia cuidar delas individualmente. Sua única esperança era preparar homens cheios da Sua vida e que fizessem isto por Ele. Por essa razão, Ele concentrou Seus esforços sobre aqueles que seriam os primeiros líderes de Seu Reino.

O princípio aplicado hoje em dia 

Esse princípio, por mais estranho que possa parecer, raramente é aplicado nos dias em que vivemos. A maior parte dos esforços evangelísticos da Igreja começa com as multidões, sob a suposição de que as igrejas locais estão preparadas para conservar qualquer bem que se possa realizar. A ênfase fica sobre o número de convertidos, os números de candidatos ao batismo e sobre a necessidade de mais membros nas igrejas locais, havendo pouco ou nenhum interesse genuíno para com a confirmação dessas almas no amor e no poder de Deus, e muito menos sobre a preservação e continuidade da obra.

Partindo deste princípio do Senhor Jesus, o dever de um pastor, bem como a primeira preocupação de um evangelista é cuidar que desde o princípio seja lançado um alicerce sobre o qual possa ser erigido um ministério evangelístico eficaz e contínuo entre as multidões. Isso requer mais concentração de tempo e talentos sobre um menor número de homens, ao mesmo tempo em que não se negligencie a paixão pelas almas que estão no mundo. Há uma necessidade de treinar líderes “... para o desempenho do Seu serviço” (Efésios 4:12). A vitória jamais é conquistada pelas multidões.

Alguns podem questionar esta estratégia, dizendo que se está dando preferência para apenas uns poucos. Mas isto não importa, já que esta foi a forma que Jesus concentrou os Seus esforços e a Sua vida, e é uma medida necessária se alguma liderança permanente tiver de ser treinada. Quando isso é praticado por motivo de amor genuíno pela igreja toda, e quando há manifestação de interesse pelas necessidades do povo, estas intrigas podem ser resolvidas, ao se observar que a missão de salvação está sendo realizada. O obreiro em treinamento deve ter sempre esta meta consigo. Tudo quanto for feito com esses poucos obreiros deve visar a salvação de multidões.

Uma demonstração moderna 

Este método funciona porque foi o próprio Senhor quem o estabeleceu. E é um princípio universal – não importa quem o pratique. Foi observado que os comunistas usaram deste método. Passaram de um punhado de gente para uma vasta multidão de seguidores que escravizam várias pessoas no mundo, num curto período de 75 anos. Os comunistas provaram na prática que as multidões podem ser conquistadas facilmente, se houverem líderes que elas sigam.

Tempo de agir 

É necessário mudança. Nossos dias de superficialidade devem chegar ao fim. O programa evangelístico da igreja tem fracassado em quase todas as frentes. Em muitos países as igrejas locais não conseguem acompanhar o crescimento populacional. Do outro lado as forças satânicas vão se tornando mais incansáveis e abrasadas em seus ataques. E é um paradoxo: numa época em que temos uma enorme facilidade de comunicação como nunca antes aconteceu, estamos fazendo menos do que na época anterior à invenção da carroça.

Outro problema é que, considerando as trágicas condições em que o mundo vive, muitos se tornam ansiosos e desesperados em fazer algo, procurando reverter essa tendência da noite para o dia. Em nossa preocupação de trazer mudanças, temos lançado um programa de emergência evangelística após o outro, a fim de alcançar as multidões com a salvadora Palavra de Deus. Porém, o que temos deixado de compreender, em nossa frustração, é que o problema real não está nas multidões – o que elas crêem, como elas são governadas, etc. Todas estas coisas que consideramos vitais são manipuladas por outros. Então antes que possamos dar uma solução à questão da exploração do povo, precisamos conquistar aqueles que o povo segue.

Dessa forma há prioridade para que se conquiste e treine aqueles que já se encontram em posições de responsabilidade, como líderes. Porém, se não tivermos líderes, devemos começar de onde estamos, treinando algumas pessoas humildes para que venham a ser os grandes. E aqui vai um lembrete: ninguém precisa ser considerado como importante no mundo, com algum tipo de prestígio para ser grandemente usado no Reino de Deus. Qualquer um que esteja disposto a seguir a Cristo pode tornar-se uma poderosa influência sobre o mundo, contanto que esta pessoa tenha um treinamento apropriado.

Devemos começar como Jesus fez. É certo que será um trabalho lento, doloroso e que provavelmente nem será notado pelos homens a princípio, mas o resultado final será glorioso, ainda que não vivamos o bastante para ver o resultado. O obreiro precisa decidir onde quer que seu ministério faça sentir os seus efeitos – no aplauso momentâneo do reconhecimento popular, ou na reprodução de sua vida em alguns poucos homens escolhidos, que deem prosseguimento ao trabalho.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Plano do Mestre - O Mestre o seu Plano

O Plano Mestre do Evangelismo é uma tentativa de mostrar a estratégia evangelística do Senhor Jesus, livrando-nos do conceito do evangelismo de âmbito “ocasional” ou “especial”, praticado em apenas alguns momentos, firmando numa vida de testemunho constante a cada discípulo. 

João 14:6: "Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim".

Muitos métodos de evangelismo têm fracassado porque a preocupação básica é “estar fazendo alguma coisa”. Mas quem disse que estar ocupados com muitas atividades resulta em que estamos fazendo realmente algo importante? (Lc. 10:38-42). Creio que sempre deve ser perguntado: “Isto é objetivo e relevante? Ou isto é digno de ser feito? Conseguimos realizar estar tarefa? Estas questões devem sempre estar presentes nas atividades evangelísticas da igreja local. Nossos esforços para manter as coisas funcionando estão cumprindo a grande comissão que nos foi dada por Jesus?


Tal como um edifício é erguido de conformidade com uma planta traçada, assim também, tudo quanto fazemos deve ter um propósito. De outra maneira, nossas atividades poderão perder-se em uma confusão sem alvo.


Precisamos voltar às páginas das Escrituras e observar os princípios que governavam os movimentos do Mestre, na esperança que nossas atividades tenham um padrão semelhante. Melhor do que estudar métodos é estudar os princípios que os governam, pois, desta forma, podemos ter sempre a linha mestra que nos guia para não nos perdemos sem objetivos que estejam na orientação de Deus. Infelizmente a questão da estratégia básica de Jesus raramente tem recebido a atenção que merece.


Os evangelhos foram escritos primariamente para mostrar-nos Cristo, o Filho de Deus, e também como, por meio da fé, podemos ter vida em Seu nome (João 20:31). Porém, o que algumas vezes deixamos de perceber é que a revelação dessa vida em Cristo inclui o Seu modo de viver, que Ele também ensinou aos seus discípulos e seguidores. Os escritores do evangelho não somente contemplaram a verdade, mas também foram transformados por ela. Ao narrarem a história de Cristo, eles destacam aquelas coisas que influenciaram tanto a eles que os levaram a deixar tudo o que possuíam a fim de seguirem o Mestre. Nem tudo foi registrado. Entretanto estes relatos que foram cuidadosamente selecionados e registrados na mais absoluta integridade, sob a inspiração do Espírito Santo, tiveram o intuito de ensinar-nos como seguir pelo caminho do Mestre. Desta maneira as narrativas bíblicas sobre Jesus constituem o nosso melhor compêndio de evangelismo, o único que jamais erra!

Nessa investigação, a narrativa sobre a vida de Jesus tem sido examinada muitas vezes, e de muitos ângulos, procurando descobrir uma razão motivadora do modo como Ele cumpria Sua missão. Suas táticas têm sido analisadas do ponto de vista de Seu ministério como um todo. Porém trata-se de uma tarefa árdua. As infinitas dimensões do Senhor da Glória simplesmente não podem ser limitadas dentro de qualquer interpretação humana. Quanto mais tempo se contempla a Jesus, tanto mais há para ver a esse respeito.
Em Jesus temos um professor perfeito. Ele, na Sua Onisciência, jamais cometeu um erro. Embora sendo homem, tendo sido tentado em tudo à nossa semelhança, jamais pecou (Hb. 4:15; 1 Pe. 2:21,22). 


Toda a vida de Jesus na terra foi apenas um desdobramento do plano de Deus, traçado desde o princípio. Isto estava sempre diante de Seus pensamentos (Mc. 1:38; Lc. 4:43; Jo. 18:37. A Sua intenção era salvar, deste mundo, um povo para Si  mesmo - a Igreja – que jamais pereceria. Também lançava vistas para o dia em que o Seu Reino viria em poder e grande glória. Esse mundo pertencia a Ele por direito de criação, mas Ele não o tomou por este direito (Fp. 2:6-11). Seu desejo era que ninguém ficasse excluído de Seu propósito gracioso, pois seu amor é universal (João 4:42; 3:16). Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1 Tm. 2:3,4). Com esta finalidade é que Jesus entregou-se a Si mesmo, a fim de prover salvação aos homens, que os libertassem de todos os seus pecados. Desta forma, jamais houve na mente de Jesus qualquer distinção entre missões nacionais e missões estrangeiras. Antes haviam TODOS OS HOMENS, TODA CRIATURA (Mc. 16:15).


A vida do Senhor seguiu certas diretrizes, visando cumprir seus objetivos. Tudo quanto Ele fez e declarou fazia parte de um único padrão, um único propósito – a salvação do mundo para Deus. Essa foi a visão motivadora que governou a conduta de Cristo. Nem por um único momento Jesus perdeu de vista o seu alvo. Por isso é tão importante observar o caminho pelo qual Jesus manobrou a fim de atingir os seus objetivos. O Mestre desvendou a estratégia de Deus para conquistar o mundo. Nada do que fez foi por acaso, não havia desperdício de energias, não havia nenhuma palavra inútil. Estava sempre atarefado no trabalho de Deus (Lc. 2:49). Jesus viveu, morreu e ressuscitou tudo de acordo com o que fora previamente determinado. Ele recebeu do Pai um plano que não poderia falhar. 


A primeira vista, ao estudar a vida de Cristo, parece que Ele não tinha um plano determinado. Mas, ao analisar com mais cuidado, perceberemos o quanto é simples! E o que mais incomoda é que, refletindo no plano de Cristo, percebemos o quanto é diferente é do método da igreja moderna.


Vamos estudar oito princípios orientadores no plano piloto do Mestre. Deve-se já alertar que estes passos não devem ser entendidos como se ocorressem nesta sequência, como se o último estágio não pudesse ser iniciado enquanto os demais não tivessem sido amplamente dominados. Na verdade cada fase está entre as linhas das fases anteriores e, de certa maneira, todas essas fases começam com a primeira.